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Ifap dá início à quarta turma do ProfEPT

Publicado: Terça, 05 de Abril de 2022, 20h21 | Última atualização em Terça, 12 de Abril de 2022, 09h39

 

Foi dada a largada, nesta segunda-feira, 4 de abril, para o início da formação em nível de mestrado da quarta turma do Instituto Federal do Amapá (Ifap). Os aprovados no processo seletivo para o ano de 2022 do Programa de Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT/Ifap) iniciaram o semestre letivo com aula inaugural sobre “Tecnologia da informação na educação profissional e tecnológica: uma ferramenta acessível”, ministrada pelo professor pesquisador Rafael Pontes Lima, no Campus Santana, onde o curso acontece.

Rafael Pontes tem graduação em Ciência da Computação, mestrado em Desenvolvimento Regional e doutorado em Educação Matemática. É professor adjunto do curso de Ciência da Computação e Mestrado Profissional em Propriedade Intelectual e Transferência Tecnológica da Unifap e atualmente responde pela pasta de Ciência e Tecnologia do estado, sendo vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Ciência e Tecnologia. O ministrante enfatizou a importância do uso de tecnologias para impactar positivamente a sociedade, especialmente a partir dos objetivos do desenvolvimento sustentável.

Com 20 alunos, a turma de 2022 é a maior do ProfEPT. As vagas são distribuídas em partes iguais para servidores da instituição e para o público externo, garantindo em ambos o acesso por meio de sistema de cotas sociais. Para o coordenador do curso, Argemiro Midonês Bastos, o aspecto mais significativo deste ano é o retorno de forma presencial depois de dois anos no formato remoto, tempo em que perdurou o auge da pandemia de Covid-19. “A nossa expectativa sempre é a de que a partir do desenvolvimento das propostas de dissertações possamos reduzir os problemas existentes na educação amapaense e, de forma especial, na educação profissional e tecnológica”, disse Bastos, destacando a presença na turma de alunos de Pedra Branca do Amapari, Ferreira Gomes, Porto Grande, Macapá, Santana e Laranjal do Jari, a maior parte dos municípios que compõem a mesorregião sul do Amapá.

A mestranda Rita de Cássia Carvalho é moradora do município de Santana. Autista, a estudante, que teve alfabetização tardia, não esperava chegar ao nível de mestrado. “Eu não imaginava. Por ser pessoa com autismo, eu só comecei a falar a partir dos 14 anos, eu e a minha família não conseguíamos me ver finalizando nem o ensino médio porque o comum, para autista tanto de nível médio como de nível severo, é não frequentar a escola. E aí, nesse meu processo de desenvolvimento, não estava nos meus planos a questão do mestrado, eu achava que eu não daria conta”.

O desejo pelos estudos levou Rita de Cássia a buscar aperfeiçoamento constante. Ela conta que foi desse jeito que concluiu cinco graduações e se tornou professora da educação profissional do estado. “Sempre foi um desafio muito grande ser alfabetizada, então eu cresci com isso, eu sempre senti que eu seria capaz, embora eu ouvisse sempre que não seria capaz de desenvolver, ouvia de psicólogos, de neurologistas. Eu não sei trabalhar com números, não sei dar troco, não lido com meu próprio salário, matemática eu nunca aprendi, então a partir do momento que eu consegui me desenvolver busquei de todas as formas. Era um desejo conseguir ser tão igual a todos.”, revelou.

 

Quebra de paradigma

Natural de Laranjal do Jari, no extremo sul do Amapá, a servidora pública Marcileide Pimenta acrescenta o ingresso no ProfEPT à mudança que o Ifap tem feito na sua vida. A mestranda foi da primeira turma de técnicos em serviço público do Campus Laranjal do Jari, no ano de 2010. Hoje licenciada em pedagogia e com formação em Gestão Pública, há nove anos atua como assistente de alunos do Ifap e é professora tutora do programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), voltado para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País, e cuja implementação se dá por meio das instituições públicas de ensino de nível superior.

“Nasci às margens do Rio Jari, em Laranjal do Jari, quando ainda era Beiradão [designação dada ao povoado antes de se tornar município em 1987]. A minha infância foi toda marcada por banho no rio, sob as palafitas. O mestrado era um sonho muito distante, mas também muito presente na minha vida, e vem quebrando muitos paradigmas, pois até bem pouco tempo a gente não conseguia almejar, em Laranjal do Jari, uma formação nem sequer de nível superior, porque nós não tínhamos acesso à educação profissional, e o Ifap, a partir da sua implantação, veio dar oportunidades e transformar vidas, ele transformou a minha vida, e vem transformando todos os dias. Exemplo disso é o momento em que estou, no mestrado, e é o Ifap que está me proporcionando isso”, declarou Marcileide, que deseja construir sua tese de mestrado na área do autismo, ela que tem um filho de 4 anos diagnosticado com o transtorno do espectro autista (TEA) e também está sob investigação específica.

O ProfEPT é um programa de pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica, com um mestrado profissional em educação profissional e tecnológica, e o primeiro ofertado em rede nos institutos federais, com vagas tanto para servidores quanto para a comunidade em geral. Segundo o representante da Pró-Reitoria de Extensão, Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Proeppi), Welber Andrade, estão sendo firmados novos acordos de cooperação pelo Instituto para a ampliação da oferta de mestrado em diversas áreas, além dos já existentes, como o acordo de cooperação internacional entre o Ifap e a Universidade de Minho, em Portugal, que já abriu duas turmas de doutorado em educação. “Esses doutores, professores do Ifap, muito em breve estarão aptos a participar do processo de credenciamento para o fortalecimento do ProfEPT do Ifap. Outros acordos de cooperação estão em curso para qualificar os nossos servidores, dar oportunidade também para a comunidade externa e fortalecer o nosso quadro docente para que daqui a mais um tempo possamos oferecer o nosso próprio mestrado.”

Representando a reitora Marialva Almeida, o pró-reitor de Ensino, Victor Hugo Sales, ressaltou o caráter de transformação social com que a formação do Ifap contribui para a região. “O mestrado ProfEPT apresenta extrema relevância na qualificação dos profissionais, pois a formação dos mesmos é pautada na relação entre trabalho e educação como princípio pedagógico e educativo. Dessa forma, os profissionais formados poderão contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas na EPT, bem como construir condições objetivas para a transformação real da nossa sociedade.”, declarou.

 

Por Keila Gibson, jornalista do Campus Santana

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